Há alguns dias, ouvi um pregador relatar
acerca de uma conversa que tivera com um senhor, nos Estados Unidos. Segundo
aquele homem cristão e idoso, os supermercados prejudicaram muito às pessoas,
quebrando-lhes a oportunidade de crescerem na arte da espera. O fato narrado
apresentava o seguinte argumento central: Antes, as pessoas precisavam esperar
que as frutas, como a manga, o abacaxi, o morango florescessem em cada respectiva
estação. Logo, indivíduos podiam exercer a capacidade natural do aguardar. Era
um tempo de valorização de eventos, segundo o experiente observador afirmava; contrastando,
lamentavelmente, com nossa contemporaneidade: “Hoje em dia, jovens e adultos
têm tudo na hora que querem, quando chegam aos centros de compras” – concluía.
Curiosa e perspicaz
observação daquele homem, a qual nos leva a refletir. Pois uma vez que vivemos
a era da agilidade, da impaciência, da ansiedade, dos mimos existenciais; a maioria de nós não tem a paciência dos nossos
antepassados. E parece que mesmo com tantos esforços para nos agradar, vivemos
infelizes, insatisfeitos; somos garotos malcriados, exigentes. E as gerações
seguintes, se tornam insuportáveis mais e mais, neste contexto. Querem tudo
para ontem; a vida virou uma urgência. Aonde iremos parar? E o mais sério é que
não existe um limite para o altíssimo grau de reclamações: sempre se quer mais
e com maior velocidade.
Se olharmos os relatos
bíblicos, vemos sinais da impaciência: A pressa de Eva, a qual não teve o
tirocínio de aguardar o retorno do Senhor à tardinha (digamos), para uma boa
conversa de esclarecimento; a correria de Jonas, tentando fugir de Deus; a
inconsequência de Esaú, ao ignorar sua primogenitura, na pressa de saciar o seu
apetite; a pressa de Pedro que quase respondia, antes que Jesus terminasse suas
proposições...
Alguns outros sinais da falta de tolerância
temporal ainda machucam as pessoas: Não se espera, compra-se antes do tempo,
com recurso inexistente; não se planeja suficientemente, corre-se a empreendimentos,
negócios, resoluções mal pensadas: as aventuras tendem ao fracasso e à dor,
tornam-se desventuras.
Quando aprenderemos a
esperar? Quando afirmaremos, convictamente, as palavras do salmo 40, versículo
1: ”Esperei com paciência pelo Senhor, e
ele se inclinou para mim e ouviu o meu clamor“?
Hora de rever nossos
resultados; de recomeçar; de levantar, confessar e dizer: Deus, eu preciso
começar minha nova fase com paciência. Se não for à vista, eu não comprarei
pequenos objetos ou bens de consumo rápido. Não planejarei pela metade. Tomarei
decisões sérias, após refletir calmamente. Respirarei muitas vezes, antes de
reagir, ou pelo menos tentarei com mais força me irritar menos. Pararei de
medir meus resultados pelos dos outros, e aprenderei a entender e respeitar
minha individualidade. Enquanto espero na fila, olharei as nuvens no céu, lerei
um livro tranquilo. Gastarei tempo rindo de questões leves e amenas. Visitarei
pessoas idosas e ouvirei suas histórias, sem pressa. Ensinarei a paciência;
lerei sobre isto, para poder ensinar. Se algum assunto ou campanha for proposta
nas redes sociais, pesquisarei antes de opinar. Terei coragem de estudar mais
as pessoas, meus familiares, meus clientes, meu trabalho, meus sonhos, meus
pedidos de oração. Lerei os manuais de produtos eletrônicos, e pensarei sobre a
água, e as vidas dos pinguins e as orquídeas. Tornar-me-ei mais tolerante, com
as falhas das pessoas; sou falho também e muito. Aprenderei mais com Jesus: “manso e humilde de coração”; seguirei o
conselho de Tiago:
Portanto, irmãos, sede pacientes até a vinda do Senhor. Eis que o
lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que
receba as primeiras e as últimas chuvas.(Tiago 5:7)
TÚLIO VASCONCELOS
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