Acredito que um dos aspectos mais
esclarecedores, que a Bíblia Sagrada traz, acerca da relação entre Deus e o ser
humano, é o fato de apresentar Jesus como amigo daqueles que querem, e creem. O
relacionamento que o Senhor Jesus Cristo deseja ter com as pessoas é de um
amigo real. Inclusive, citações bíblicas que retratam a amizade divina com o
ser humano são muito comuns. Como por exemplo, em Tiago 2: 23, o Apóstolo
menciona a amizade entre Deus e Abraão.
O termo amigo (ou amigos) ocorre, no texto bíblico, 106 vezes. Sendo, 52 ocorrências no plural (amigos) e 54 no singular (amigo). Significando, segundo
o dicionário Aurélio da língua portuguesa (Ed. Nova Fronteira, 1998): alguém
que é ligado a outrem por laços de amizade, companheiro, acolhedor; que ampara
ou defende; protetor; apreciador e aliado.
De acordo com a nossa cultura, pode-se afirmar que os amigos constituem
um tipo de pessoa que está perto quando necessário. Alguém com quem podemos
contar, nas horas difíceis; um companheiro que enxuga as lágrimas e que nos
ajuda a sorrir. Alguém em quem se pode confiar, mesmo em um mundo tão
desconfiado. Amigos são familiares que podemos escolher; pessoas da família que
residem em outros endereços.
Há, enfim, muitas frases sobre amizade, que refletem as boas
experiências vividas, neste âmbito. E que fortalecem o pensamento de que
podemos contar com nossos amigos, mesmo quando eles nos falam palavras que não
queremos ouvir; mesmo quando nos corrigem, ou nos dizem, sinceramente, que
erramos.
A Bíblia, também, traz ampla cultura sobre amizade. O livro de
Provérbios traz algumas referências famosas, a esta sublime virtude:
“O amigo ama em todo
o tempo... (Prov. 17: 17a)”.
“Fiéis são as feridas dum amigo; mas os beijos dum inimigo são
enganosos (Prov. 27:6)”.
“O óleo e o perfume alegram o coração; assim é o
doce conselho do homem para o seu amigo (Prov. 27:9)“.
Em relação a Jesus Cristo e Sua condição de amigo, é
interessante lembrar uma situação, narrada nas Escrituras. Em João capítulo 15,
vs.13–15, Jesus falou e o Apóstolo João registrou:
Ninguém
tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.
Vós sois
meus amigos, se
fizerdes o que eu vos mando.
Já não
vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas
chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos dei a conhecer.
Se entendermos um pouco da essência dessas palavras, aproximamos mais a
nossa compreensão do propósito de Deus, para a humanidade. Vamos distinguir
algumas verdades aqui, para facilitar a compreensão:
Verdade 1: O Mestre, no verso 15, fala aos discípulos que os
chama de amigos, porque os trouxe para mais perto do que na relação entre um
senhor e seus servos. Claramente, Cristo manifesta a sua intenção de
proximidade, conhecimento mútuo, instrução; preocupação em ensinar
corretamente, trazendo entendimento profundo sobre a Sua missão, entre as
pessoas. É como se Ele estivesse dizendo:
- Estou aqui, perto: sou amigo de vocês. Quero que
vocês saibam quem eu sou e o que faço; o que penso e o que o Pai pensa.
Entendam bem. Não estou longe, estou aqui, acessível.
Verdade 2: O Senhor apresenta a condição
clara de sua amizade com os discípulos. Ele fala de obediência. Essa
obediência, dentro do contexto do capítulo está relacionada ao amor mútuo,
entre os discípulos (vs. 12, 17): ”O meu
mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.
Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros.“
Jesus afirmou que amar as pessoas é ser obediente a Deus. Que amar é
ação, doação de si mesmo. O tipo de amor que Ele denota, no contexto em
questão, é amor divino.
A palavra grega, usada para traduzir o amor no capítulo referido é αγαπήν
(ágapen – v.13), que significa o tipo perfeito de amor, que vem de Deus e faz
você amar sem esperar receber nada em troca. Amor incondicional, até as últimas
consequências. Amor que nos torna leias, acima da compreensão humana, e que só
está presente no ser humano que permanece na videira (Jesus - v.1). Essa permanência demonstra nossa completa
dependência de Cristo e nossa relação íntima com Ele, para viver esse tipo de
vida, que sem Ele é impossível viver; dar frutos e ser discípulo (João 15: 4, 5,
8-10). O tipo de amizade pura, genuína, evidente entre cada cristão,
demonstrará sua relação com Deus Pai que ama o Filho e se apresenta,
exemplarmente, na perfeita comunhão com Ele (João 15: 10). A relação de
amizade, entre os filhos de Deus, refletirá a própria maneira íntegra com que
Jesus nos amou (v. 12). É fruto de conhecermos este amor, que é derramado,
doado por Deus, a todo o que voluntariamente crê e recebe o presente da
Salvação (Rom. 5: 6-9), através do sacrifício expiatório (redentor), de Cristo:
Pois,
quando ainda éramos fracos, Cristo morreu a seu tempo pelos ímpios (por causa dos pecadores,
para salvar os pecadores: eu e você - grifo do autor)
Porque
dificilmente haverá quem morra por um justo; pois poderá ser que pelo homem
bondoso alguém ouse morrer.
Mas Deus
dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós.
Logo
muito mais, sendo agora justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.
Verdade 3: No verso 13, temos Jesus declarando,
antecipadamente, a sua morte por cada pessoa, na terra. Ele fala da amizade
real que tem por nós. Aqui, vê-se, claramente, o desejo de Cristo em se tornar
amigo de cada pessoa da humanidade, no grande abraço da Redenção(pagamento
pelos pecados). Ele diz que a maior
prova de amizade é alguém dar sua vida (ψυχην – psíquen); toda essência física
e invisível, morrendo, literalmente, pelos seus amigos. Ele está explicando o
tipo de amor com que nos amou, descrito no versículo 12. Ele está declarando que
se fez nosso amigo e espera que façamos todos os sacrifícios, em nosso
relacionamento cristão, que é amizade pura, com cada pessoa da terra. E que
isto motive as pessoas a desejarem se tornar amigas de Jesus, assim como Ele
deseja...
Mas todos são amigos de Jesus?
A amizade de Cristo é uma opção. Não temos que aceitar. Somos livres
para escolher (ou não) receber, entender, aceitar esse convite amigável de
Jesus Cristo. Ele não impõe, como qualquer pessoa ética, madura, sensível, a
Sua amizade para nós. Ele possui um caráter capaz de compreender as pessoas que
não desejem Sua amizade, Sua companhia.
Há muitas pessoas, que como eu (durante algum tempo de minha vida), não mergulham
na profundidade e no significado de ser amigo de Jesus. Eu gostaria de tentar
explicar um pouco mais:
Há anos atrás, uma vez, uma pessoa de minha família a quem eu amo muito
e respeito, falou que não pode aceitar a ideia do sacrifício de Cristo, por
toda a humanidade. Ele disse:
- Tulinho, ninguém pode pagar pelos pecados
de outra pessoa. Ninguém pode pagar as dívidas de outro. Ninguém pode pagar os
crimes de outra pessoa.
Eu poderia concordar com ele e tantas pessoas que amo, se visse Jesus como
um espírito de Luz, altamente evoluído. Se O visse como um irmão mais crescido
do que nós. Se cresse que Ele morreu por seus próprios pecados, seu carma. E
que continua, no plano espiritual, buscando aprendizado e conhecimento;
aprimoramento.
Eu poderia entender Cristo, como sendo um revolucionário histórico,
idealista, que ensinou amor e foi derrotado pela incompreensão humana.
Eu poderia pensar que o Cristo ficou morto e foi enterrado. Seu corpo foi
roubado pelos discípulos. Ele foi tão injustiçado...
Mas, ao examinar a Bíblia Sagrada,vejo que Jesus é mais que isto:
·
Em
Isaías 9:6, Jesus recebe, profeticamente, os seguintes predicados 660 anos,
antes de nascer. OBSERVE:
Porque um menino nos nasceu, um
filho se nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros; e o seu nome será: MARAVILHOSO CONSELHEIRO, DEUS FORTE, PAI ETERNO, PRÍNCIPE DA PAZ.
·
Em
Isaías 7:14, Isaías 8:8 e Mateus 1:23, Jesus é descrito como EMANUEL:
Isaías
7: 14 - Portanto o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que uma virgem
conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel.
Isaías 8:18 - e passará a Judá,
inundando-o, e irá passando por ele
e chegará até o pescoço; e a extensão
de suas asas encherá a
largura da tua terra, ó Emanuel.
Mateus 1: 23 - Eis que a virgem
conceberá e dará à luz um filho, o
qual será chamado EMANUEL, que
traduzido é: Deus conosco.
Esses textos e tantos outros falam da divindade de Cristo e de Sua
proposta proximidade com as pessoas. Que outra crença ou fé, ou doutrina nos
apresenta um Deus tão amigo? Tão acessível? Não é de admirar que as pessoas
rejeitem tanto a ideia de um Deus amigo? Um Deus pessoa? Um Deus que se colocou
como Servo? Um Deus que foi capaz de nos amar tanto e vir aqui e ir à cruz,
para provar que é nosso amigo, ao ponto de pagar a nossa dívida. Pois, UM AMIGO
PAGARIA AS DÍVIDAS DO OUTRO. É ISSO QUE
AS RELIGIÕES NÃO ENTENDEM SOBRE JESUS. Aí está o x da questão.
A amizade de Jesus nos ensina a amar as pessoas; ensina-nos a nos
sacrificar por elas, como Ele se sacrificou por nós...
Então, faço um desafio a você: apenas, feche os olhos e diga,
sinceramente: JESUS, EU QUERO QUE SEJAS MEU AMIGO E SE ESTOU ERRADO EM RELAÇÃO
A VOCÊ, MOSTRE-ME AGORA.
Se você não acredita em mim, e em tudo o que escrevi, não tem problema.
Mas, faça isso de verdade, com toda sua fé e veja o que acontece...
Túlio Vasconcelos.